quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Tecnologia, Produção e Sociedade

 Sociedade e Tecnologia

Desde que o homem vive em sociedade, as evoluções de caráter social e de organização em conjunto da população sempre foram evoluindo com o objetivo de melhorar a vida do homem na sociedade, desde as regras, leis e princípios até os sistemas administrativos, de governança e as tecnologias.

A verdade é que a tecnologia sempre acompanhou o homem, melhor dizer que o homem, na sua evolução, sempre buscou ampliar suas tecnologias. Digamos então que a tecnologia e a sociedade sempre estiveram lado a lado no processo evolutivo.

Engana-se quem pensa que a tecnologia foi inventada somente nos séculos atuais. A tecnologia não é baseada apenas na informática, no industrialismo ou na política. As tecnologias inventadas pelo homem antigo, as ferramentas de caça ou os métodos de sobrevivência, sempre fizeram o homem dependente. E hoje ainda mais.

Atualmente, as tecnologias foram reinventadas, tomando patamares extremamente altíssimos em nível de desenvolvimento. Com seus inúmeros computadores de ultima geração, robôs e microchips tornaram a vida muito mais prática, porém, tornaram o homem ainda mais dependente de seus inventos.

Mas pensando apenas no lado positivista desse grande passo no desenvolvimento das tecnologias inovadoras, o homem foi capaz de chegar a lugares, antes então, inimagináveis. E esse avanço tecnológico proporcionou melhorias principalmente em áreas de saúde, melhorando assim a condição de vida da sociedade.

Então pode se dizer que a relação entre a sociedade e a tecnologia é um elo de dependência mútua, onde o homem pode se beneficiar e desfrutar de todo o serviço proposto pela a tecnologia, que por ele foi inventado, com todo seu merecimento.

O impacto das novas tecnologias na sociedade

O mundo está mudando cada vez mais rápido como consequência de um desenvolvimento tecnológico acelerado. Diariamente empresas do mundo inteiro investem pesado em inovação com o objetivo de criar respostas para as necessidades presentes no mercado. As novas tecnologias fazem parte desse processo, mas é importante ressaltar que, mais do que abrir diferentes oportunidades de negócios, elas proporcionam uma verdadeira revolução na sociedade, possibilitando ações antes inimagináveis e melhorando a qualidade de vida das pessoas.

Para ter provas desse fenômeno basta observar o comportamento social, os instrumentos de trabalho, os meios de comunicação e de aprendizado. Todos são diferentes do que eram há alguns anos e parte disso é resultado desse desenvolvimento tecnológico. Com o advento e a popularização da internet, por exemplo, o acesso a uma infinidade de conteúdos sobre os mais diversos temas foi facilitado, proporcionando maior independência na busca por informações.

A importância das novas tecnologias para as pessoas

Os benefícios que as novas tecnologias geram são inúmeros e se estendem a cada um dos setores sociais, desde a área empresarial até a da saúde. Para ilustrar melhor, pense nas competições paraolímpicas. Atletas com diferentes deficiências conseguem ter uma vida normal, praticar esportes e participar de grandes competições, conquistando, inclusive, resultados comparados aos de um atleta sem necessidades especiais.

Este é o caso do alemão Markus Rehm, cuja perna foi amputada na adolescência após um acidente de barco. Em 2015, ele conseguiu a marca de 8,40 m no salto à distância utilizando uma prótese de fibra de carbono. A boa notícia é que essa tecnologia não fica restrita apenas aos esportistas, pois existem tipos de próteses adaptados ao estilo de vida de cada pessoa. Assim, ela pode andar, pular e correr normalmente, realizando movimentos cada vez mais precisos. E o mais importante: participa novamente das atividades sociais.

Em relação à educação, podemos retomar a importância da internet para o acesso ao conhecimento. Quando se pensa nas salas de aulas, ela pode ser uma boa aliada. Deste modo, educadores estão cada vez mais desenvolvendo estratégias de ensino com aplicativos ou softwares para atividades extracurriculares, tornando a  aprendizagem mais dinâmica e divertida. Tablets e smartphones são aparelhos que também facilitaram o ensino a distância por meio do e-Learning, quebrando as antigas barreiras geográficas para o acesso à educação.

Um dos grandes destaques atuais são as tecnologias de comunicação. Elas têm revolucionado a troca de informação entre as pessoas, impactando diretamente no comportamento delas em aspectos pessoais e profissionais O contato está mais rápido, fácil e acessível, de modo que fazer reuniões com os participantes que estão em cidades diferentes, por exemplo, não é mais um problema. Tudo pode ser realizado instantaneamente e em poucos cliques.

Além disso, focando mais no ramo dos negócios, a gestão empresarial está cada vez mais simplificada e de fácil compreensão. O desenvolvimento de softwares hospedados em nuvem, por exemplo, permite armazenar e administrar dados importantes, ajudando os gestores a ter um maior controle do que acontece em seu empreendimento.

Inovar é a resposta para desenvolver novas tecnologias

Estes são apenas alguns exemplos de como as novas tecnologias ajudam na qualidade de vida das pessoas. Mas você sabe o que deve ser feito para desenvolvê-las? A resposta para essa pergunta é: investir em inovação. É por isso que as empresas estão trabalhando na busca por soluções criativas a fim de aprimorar seus produtos e serviços ou mesmo perceber novas possibilidades para suprir as carências ainda não atendidas no mercado.

Inovar significa dar uma utilização prática às novas ideias e viabilizá-las para o uso comercial. É no meio desse processo que as novas tecnologias surgem e, como consequência, as dificuldades e os problemas típicos de determinado momento são superados com um recurso revolucionário. Assim, a criatividade é o combustível para gerar novas ideias. E o resultado disso? A inovação.

 

 

 

Instituições Sociais

Instituições sociais são organizações da sociedade que existem para que haja a organização e a coesão social. São elas que passam as regras e normas da sociedade para os cidadãos e forma-os enquanto cidadãos pertencentes a determinado grupo social. Podemos considerar como instituições sociais: a família, a escola, o trabalho, a Igreja e o Estado. As instituições sociais atuam no processo de socialização, visando a adequação de cada indivíduo no grupo social.

Características das instituições sociais

Devemos levar em consideração que, para que a vida social seja levada a cabo, faz-se necessário que certas instituições atuem como mediadoras do conflito entre a individualidade e a coletividade.

 

Nós, seres humanos, vivemos em sociedade e temos a dupla tarefa de desenvolver-nos enquanto seres individuais e sociais. Enquanto seres individuais, devemos adaptar-nos à vida individual, mas, enquanto seres sociais, precisamos enquadrar-nos em certas normas morais e sociais que permitem a pacífica vida entre integrantes de um mesmo grupo.

 

A família é a primeira instituição social com a qual o indivíduo tem contato.

 

As instituições sociais são criações humanas para que haja uma verdadeira integração social, sem conflitos e com as mesmas ideologias predominantes. Nesse sentido, as instituições sociais atuam na homogenização da massa, fazendo com que todos agem e pensem da mesma maneira, evitando-se o caos.

 

As instituições sociais servem como mediadoras entre a vida individual e a vida privada, levando às pessoas a oportunidade de enquadrarem-se nos modos de vida e nos padrões sociais, a fim de que não haja divergência entre vida individual e vida social.

 

Para que servem as instituições sociais

Em termos gerais, as instituições sociais servem para tornar a vida social menos agressiva. A moral social é uma necessidade criada para que as pessoas vivam de acordo com normas e regras que imponham respeito entre as individualidades.

 

Nesse sentido, as instituições sociais atuam como mediadoras no processo de socialização do ser humano, fazendo com que haja um respeito a certos preceitos sociais. Elas são, portanto, formadoras e educativas, atuando na coesão social.

 

Para Durkheim, as instituições sociais são necessárias para a manutenção da ordem social.

Instituições sociais para Émile Durkheim

O sociólogo clássico Émile Durkheim foi um defensor do papel das instituições sociais na composição da sociedade. Defensor também do capitalismo, ele pensou a sociedade como um todo coeso que necessita das instituições para a sua composição. Para Durkheim, existem duas formas de coesão social:

·         Solidariedade mecânica: é característica das sociedades pré-capitalistas, cuja organização é feita com base em pontos de coesão mais próximos e nas quais não há grande distância entre seus membros. Tudo funciona como um grande mecanismo.

·         Solidariedade orgânica: é aquela em que há uma formação de um organismo social, com vários órgãos diferentes que possuem entre si uma coesão interna. Esse tipo de coesão é típico das sociedades capitalistas, que dividem a formação social em grupos diferentes.

 

Para Émile Durkheim, as instituições sociais são uma forma de garantir a ordem da sociedade, sendo elos que unem os cidadãos em torno de uma formação social. Para o sociólogo, existem duas formas de socialização que separam as instituições sociais:

·         Socialização primária: é provida pelas primeiras instituições com as quais o indivíduo tem contato. A principal delas é a família. Baseia-se nas normas da afetividade.

·         Socialização secundária: coloca o indivíduo em convívio com outras formas de socialização, entrando em contato com indivíduos fora do convívio familiar. Ela está baseada em normas sociais mais rígidas e exteriores ao indivíduo e ao grupo familiar. São elas a Igreja, a escola, o trabalho e o Estado.

 

Para Durkheim, as instituições sociais são necessárias para a manutenção da ordem social.

Quais são as principais instituições sociais

As instituições sociais acompanham-nos desde a nossa inserção no mundo dividido em sociedades. Podemos elencá-las desta forma:

·         Família: é a primeira instituição com a qual temos contato. Ela ensina as primeiras regras que devemos seguir e guia-nos para os primeiros passos esperados pela sociedade. Essa instituição baseia-se na afetividade para o ensinamento de regras que devemos absorver e levar para o convívio social.

·         Igrejaé a segunda instituição com a qual a maioria da população tem contato. As religiões apontam as normas sociais e morais que devem ser seguidas pela população de uma determinada cultura, tornando-se, assim, muito importantes. Como as regras dessa instituição saem do convívio familiar e tornam-se mais gerais, ela é considerada uma instituição de socialização secundária.

·         Escola: é a instituição de socialização secundária por excelência. Ela é responsável por introjetar no indivíduo as normas sociais, legais e de comportamento que ele deve levar para o resto da vida, além de prepará-lo para as duas etapas sociais seguintes, o trabalho e o Estado.

·         Trabalho: é a instituição social para qual todos os indivíduos são preparados na sociedade capitalista. Ele consiste num conjunto de normas e regras que devem ser desempenhadas pelo indivíduo para que haja o correto funcionamento da sociedade, na visão de Durkheim. Essa etapa da vida consiste na maior e mais importante fase da convivência em sociedade, sendo que ela necessita da aplicação de tudo aquilo que foi aprendido nas etapas anteriores de socialização.

·         Estado: consiste na formação de um conglomerado de normas e regras sociais que compõem as instituições sociais anteriores. O Estado é a última e mais complexa instituição social, pois ele necessita da socialização primária promovida pelas famílias e de todas as outras etapas descritas. O Estado é constituído por normas e regras regidas por um corpo de leis. É no Estado que encontramos a maior impessoalidade e um modo de agir mais técnico em sociedades civilizadas.

 Por Francisco Porfírio
Professor de Sociologia

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

MANUTENÇÃO DE COMPUTADORES

 

O Mercado de Trabalho

Segundo as últimas pesquisas do IBGE, metade (50%) das residências no Brasil possui pelo menos um PC ou Notebook em casa. Dependendo da região esse número é bem maior.

Diante disso, a demanda por profissionais que realmente saibam como realizar a manutenção de computadores é enorme. Além disso, a crise faz com que, em um primeiro momento, as pessoas busquem mais o conserto dos equipamentos, para não precisar comprar um novo.

No entanto, a concorrência é grande. A quantidade de “profissionais” prestando esse tipo de serviço é muito alta. Na realidade, o mercado está cheio de aventureiros, também chamados de “sobrinhos da informática”, que conhecem apenas partes do básico e muitas vezes não conseguem resolver os problemas de seus clientes, ou acabam até piorando.

Se por um lado a presença desses amadores incha o mercado, os verdadeiros profissionais, que estudam e entendem de hardware e software, que conhecem as técnicas e ferramentas corretas, que tratam seus clientes com respeito e profissionalismo, terão sempre muita vantagem e vida longa. É uma grande oportunidade.

 As Vantagens da Área

Atuar na área de manutenção de computadores tem muitas vantagens, entre elas:

É um negócio que demanda pouco investimento inicial (vamos falar mais disso durante o artigo), sendo uma ótima opção para quem está recém desempregado ou buscando o primeiro emprego por exemplo;

O profissional tem a opção de trabalhar de casa;

Não exige necessariamente que o profissional seja formado em uma faculdade;

Sabendo procurar, existe bastante material na Internet, cursos online, fóruns e etc;

O salário depende muito da cidade, região e etc, mas bons profissionais podem conseguir um salário de R$ 2.000,00 a R$ 5.000,00, seja como autônomos ou como funcionários.

 

O que é Importante para o Sucesso?

Primeiramente CONHECIMENTO. A pessoa que deseja trabalhar com conserto de computadores precisa se preparar bem antes, precisa investir tempo e algum dinheiro em cursos de capacitação.

Como disse, o mercado está cheio de amadores, não seja mais um, o sucesso virá para quem conseguir se diferenciar, para quem conseguir prestar um serviço de qualidade aos seus clientes, com profissionalismo.

Outro ponto importante é saber como lidar com seus clientes, ter um bom relacionamento. Para isso é essencial saber ouvir com atenção, deixe o cliente falar. Além disso respeite os prazos e seja honesto. Tenha em mente que se o cliente se sentir bem atendido ele irá te procurar novamente.

 

Como Começar?

Como disse anteriormente, o investimento inicial para uma assistência de computadores é baixo se comparado com outros negócios.

O profissional poderá trabalhar de casa ou montar um pequeno escritório, com uma área de trabalho que comporte alguns computadores ligados, um estoque de peças, e um balcão de atendimento.

Um ponto importante é a refrigeração do espaço, devido à sensibilidade à temperatura e poeira em algumas peças, o ambiente deve possuir um bom sistema de ar condicionado.

Após ter um espaço de trabalho, o profissional deverá conseguir seus clientes. A melhor opção é criar um site e/ou uma página no Facebook, e pagar por anúncios tanto pelo Google Adwords quanto pelos anúncios patrocinados do Facebook. Você poderá direcionar esses anúncios para a região que atende, faixa etária, interesses e etc. No início o boca-a-boca de amigos e familiares também ajuda bastante.

 Atividades Realizadas

As principais atividades realizadas pelo profissional de manutenção de PCs são:

Manutenção de Hardware em PCs e Notebooks: Nesse caso o profissional deverá conhecer as características de cada tipo de equipamento, marca e modelo. Irá realizar upgrades de hardware, realizar a substituição de peças e etc. Aqui também poderá ter algum lucro com a venda das peças, pois conseguirá comprar em uma boa quantidade e dos fornecedores corretos. Como exemplo, veja essa aula com um conserto de notebook.

Formatação de Computadores: Em muitos casos, será necessário realizar a formatação e reinstalação dos sistemas. O profissional terá que se preocupar em realizar um backup, instalar e configurar corretamente o sistema operacional e seus principais softwares, anti-virus e etc.

Remoção de Vírus: Um grande problema que sempre existe são os vírus. Os amadores irão sempre formatar tudo, mas o profissional deve conhecer as técnicas e ferramentas para conseguir remover cada um deles, com o menor impacto possível ao seu cliente, isso faz a diferença.

Limpeza e Otimização: Aqui entra a manutenção preventiva. O técnico terá saber como efetuar a limpeza e otimização nos softwares, e realizar a limpeza física mesmo, sem prejudicar as peças.

Existem algumas outras atividades que eventualmente o técnico poderá realizar, mas essas são as mais comuns.

 Ferramentas para Manutenção de Computadores

O técnico de computadores irá se utilizar de diversas ferramentas e softwares para realizar suas atividades.

As ferramentas essenciais, que devem sempre estar em sua “maleta” são:

Chaves de Fenda e  Philips, de vários tipos e tamanhos;

Pinças, pegadores e repositórios (potes) para guardar os parafusos e peças;

Tesouras, alicates e estiletes de vários tamanhos;

Pincéis e Escovas para limpar o equipamento;

Pulseira Anti-Estática;

Multímetro Digital;

Aparelho para pequenas soldas com estanho;

Pistola de Cola Quente;

Alicates para crimpar cabos de rede;

Álcool isopropílico e limpa contato para limpeza de placas e componentes eletrônicos;

Pasta térmica utilizada para dissipação de calor do processador;

Baterias para placas-mãe;

Abraçadeiras plásticas;

Estojo para organizar os CDs e DVDs utilizados nas instalações;

HDs Externo e Pen Drive para armazenar softwares e realizar os backups dos clientes

Caixa de Ferramentas para guardar tudo isso.

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: PORQUE É IMPORTANTE E COMO MELHORÁ-LA

 A qualidade de vida no trabalho contribui para a melhoria da produtividade dos colaboradores, que ficam mais dispostos e motivados, além de aptos emocionalmente para entregar grandes resultados. Pode ser constantemente aperfeiçoada com inovação e, sobretudo, no respeito aos profissionais nos aspectos físico e mental para garantir boas condições de trabalho.

Nunca se falou tanto sobre qualidade de vida no trabalho — e, provavelmente, o assunto será cada vez mais discutido no futuro. A verdade é que as empresas precisam organizar frequentemente seus ambientes de trabalho para garantir bem-estar aos colaboradores.

Pode não parecer, mas o investimento em qualidade no espaço corporativo envolve custos mínimos se comparados à falta desse recurso. Equipes insatisfeitas tornam-se improdutivas, estão mais propensas a erros, atuam no limite do estresse e costumam envolver-se em conflitos.

O investimento no bem-estar dos colaboradores, por outro lado, traz diversos efeitos positivos, como o maior comprometimento dos profissionais. Segundo a Sodexo, empresas que se preocupam com essa questão são, em média, 86% mais produtivas.

Qual o significado de qualidade de vida no trabalho?

Em primeiro lugar, é preciso saber o que é ter qualidade de vida. Muitas empresas já criaram espaços de lazer para seus colaboradores — com mesas de sinuca e videogames —, porém, é importante entender que isso não é o mais importante.

A qualidade de vida no trabalho pode ser aperfeiçoada, principalmente, com a mudança de hábitos dentro da empresa. Respeitar os profissionais nos aspectos físico e mental, por exemplo, é um bom começo para garantir boas condições de trabalho.

Outras mudanças, como a melhoria da iluminação do ambiente de trabalho e otimização da comunicação interpessoal, também fazem toda a diferença. Para isso, é preciso algum investimento financeiro e, principalmente, comprometimento da liderança.

A importância da qualidade de vida para a empresa

A questão principal é: em que isso beneficia a empresa? Antes de saber a resposta, é preciso entender o atual contexto mercadológico. As companhias nunca estiveram inseridas em um mercado tão disputado, com clientes e concorrentes ávidos. Segundo o IBGE, cerca de seis em cada dez empresas fecham antes de completar cinco anos de atividade. Esse é apenas um dos diversos dados sobre o assunto.

Para obter destaque no mercado, as organizações precisam inovar. Como as ideias são abundantes, as tecnologias e estratégias podem ser facilmente copiadas, o real diferencial está nas pessoas, ou seja, nos colaboradores.

É possível afirmar que uma empresa que investe na qualidade de vida no trabalho e que beneficia toda a sua equipe é muito mais competitiva. Buscando isso, ela consegue contar com profissionais motivados, comprometidos e capazes de entregar ótimos resultados. A seguir, saiba mais sobre os principais benefícios de investir na qualidade de vida.

Aumento da produtividade no trabalho

A qualidade de vida no trabalho contribui para que os talentos estejam mais dispostos e motivados, além de aptos emocionalmente para entregar grandes resultados. Em outras palavras, cada colaborador poderá produzir mais e melhor.

Atualmente, sabe-se que boa parte do tempo de trabalho tende a ser improdutivo — estima-se que apenas 39% do expediente é realmente aproveitado. Contudo, esse resultado pode ser mudado quando a equipe está integrada a um ambiente que ofereça qualidade de vida e prioridades claras. Mais felizes e motivados, todos podem seguir em uma mesma direção e entregar resultados fora da curva.

Melhoria do clima organizacional

O clima organizacional representa a atmosfera psicológica da empresa, isto é, como os profissionais percebem o ambiente de trabalho e são impactados por ele. Há muitos malefícios no clima pesado da empresa, como a falta de comunicação interpessoal e o pouco comprometimento no trabalho.

A qualidade de vida na organização permite que os profissionais sorriam mais e até se divirtam com o que está sendo feito. A ideia do trabalho como o “mal necessário” é imediatamente eliminada, afinal, todos estão atuando em um ótimo ambiente.

Um bom clima de trabalho garante aos colaboradores um ambiente mais leve e propício ao trabalho em equipe, bem como resulta no melhor tratamento aos clientes. O espírito de equipe pode ser desperto com mais vigor nos talentos, tornando-os únicos.

Uma recente pesquisa mostrou que as empresas que oferecem qualidade de vida têm, em média, 91% melhor clima de trabalho. Em outras palavras: a qualidade de vida garante profissionais mais comprometidos, alinhados e dispostos a contribuir, por isso o clima de trabalho é imediatamente aprimorado, tornando-o melhor às partes interessadas.

Aumento na atração de talentos

Adquirir talentos é uma tarefa difícil. Apesar do grande volume de mão de obra disponível no mercado, poucos profissionais apresentam competências técnicas e comportamentais específicas para assumir um cargo.

Um estudo feito pela Manpowergroup mostrou que, no mundo, 38% dos empregadores têm dificuldades na hora de contratar talentos. No Brasil, esse problema é ainda maior: o país está entre os cinco piores do mundo para preencher posições de trabalho.

De qualquer forma, a melhoria da qualidade faz com que novos talentos sejam atraídos. Quando há bem-estar no trabalho, a atração de talentos cresce em até 76%. Sendo assim, a companhia torna-se um grande ímã de profissionais acima da média.

Os motivos para isso são diversos, afinal, pessoas qualificadas buscam trabalhar em um local adequado e que propicie qualidade de vida. Além disso, os atuais funcionários passam a agir como promotores, falando bem da empresa onde trabalham para amigos e familiares. Por fim, a empresa passa a ser mais bem-vista pelo mercado de trabalho.

Crescimento do lucro empresarial

Falar em lucro não é tão simples quanto deduzir as despesas das receitas de determinado período. É preciso pensar em uma série de fatores secundários que, inevitavelmente, influenciam no lucro e no desempenho econômico.

Há muitos fatores que afetam esse lucro, como a eficiência operacional diária e a comunicação para que erros sejam reduzidos. A qualidade de vida no trabalho é outro fator, afinal, quando há qualidade, os talentos mostram-se mais dispostos a entregar bons resultados, fechar vendas importantes e beneficiar economicamente a empresa.

Segundo pesquisa veiculada na Exame, organizações que oferecem qualidade de vida são, em média, 70% mais rentáveis que a concorrência. Isso significa que elas são mais lucrativas e eficazes em gerar o retorno financeiro adequado aos seus donos ou investidores.

Esses são apenas alguns dos benefícios que comprovam a importância de investir na qualidade de vida no trabalho, mas existem muitos outros. Em geral, um bom local de trabalho torna o negócio mais competitivo, saudável e atraente, gerando vantagens a uma ampla gama de stakeholders, incluindo os donos, funcionários e clientes.

O que pode ser feito para melhorar a vida das equipes?

Algumas ações são fundamentais para proporcionar boas experiências no ambiente de trabalho. Confira, a seguir, as principais delas e saiba como colocá-las em prática na sua empresa.

Manutenção do equilíbrio entre vida pessoal e profissional

Não é difícil ver profissionais que passam do seu horário por diversos dias seguidos para entregar um projeto ou relatório ao seu líder imediato. Isso demonstra empenho, porém, desequilibra a vida pessoal e profissional do colaborador, prejudicando-o.

Uma medida simples é ter políticas mais claras sobre a jornada de trabalho, indicando que as horas extras só devem ser feitas quando realmente for necessário. Nos casos em que o profissional acumular um número considerável de horas, induza-o a trocar por um dia de folga.

Incentivo de práticas saudáveis na empresa

Ir de bicicleta para o trabalho, alimentar-se com mais qualidade no refeitório, realizar exercícios de ginástica laboral e praticar algum tipo de esporte são bons exemplos de práticas que podem (e devem) ser incentivadas na organização.

Além de melhorar a qualidade de vida, essas práticas garantem que os talentos fiquem mais dispostos para entregar bons resultados no expediente, o que os torna mais produtivos. E mais: essas iniciativas quase não apresentam grandes custos para o negócio.

Melhoria do ambiente de trabalho

Esse ponto vai variar muito de acordo com o orçamento da empresa. Se há recursos para investir em uma sala de descanso ou jogos, ótimo! O retorno financeiro será visto no aumento do comprometimento e produtividade da equipe.

Todavia, é possível investir menos e ter ótimos resultados. Melhore questões como luminosidade, acústica e temperatura do espaço de trabalho, além da ergonomia dos móveis de escritório. Esse é um excelente começo!

Otimização do diálogo com os profissionais

Sem dúvida, a comunicação tem uma forte influência na maneira como os profissionais se relacionam internamente. A falta de diálogo deixa os colaboradores sem orientação, o que favorece erros nas tarefas e conflitos internos.

Antes de qualquer coisa, a melhoria da comunicação deve considerar o comprometimento da liderança. Os superiores precisam aprender a democratizar as informações aos seus subordinados, mantendo-os sempre informados do que é preciso.

Incentivo da liderança pelo exemplo

Quando os líderes transmitem fielmente os valores da empresa, é muito mais provável que criem um ambiente agradável e motivador para o trabalho. Nesse sentido, eles devem ser verdadeiros exemplos no dia a dia.

Um líder exemplar é aquele que ouve seus superiores e subordinados, que abraça a cultura da empresa e entrega resultados pessoalmente. Eles não são perfeitos, ninguém é, mas empenham-se para cumprir fielmente com o que falam aos seus subordinados.

Quais as principais consequências da falta da qualidade de vida no trabalho?

Do mesmo modo que a busca pela qualidade de vida gera benefícios à empresa, tornando-a mais competitiva e rentável no seu mercado, a falta dela também provoca uma série de impactos. Admitidamente, muitos negócios podem ruir pela falta de um ambiente adequado, que gere entusiasmo e motivação aos talentos. Saiba mais sobre esses impactos a seguir.

FENOMENOLOGIA DE EDMUND HUSSERL – FILOSOFIA

 

Pedro Menezes

A fenomenologia é um estudo que fundamenta o conhecimento nos fenômenos da consciência. Nessa perspectiva, todo conhecimento se dá a partir de como a consciência interpreta os fenômenos.

Esse método foi desenvolvido inicialmente por Edmund Husserl (1859-1938) e, desde então, tem muitos adeptos na Filosofia e em diversas áreas do conhecimento.

Para ele, o mundo só pode ser compreendido a partir da forma como se manifesta, ou seja, como aparece para a consciência humana. Não há um mundo em si e nem uma consciência em si. A consciência é responsável por dar sentido às coisas.

Na filosofia, um fenômeno designa, simplesmente, a forma como uma coisa aparece, ou manifesta-se, para o sujeito. Ou seja, trata-se da aparência das coisas.

Sendo assim, todo o conhecimento que tenha como ponto de partida os fenômenos das coisas podem ser compreendidos como fenomenológicos.

Com isso, Husserl afirma o protagonismo do sujeito perante o objeto, já que cabe à consciência atribuir sentido ao objeto.

Uma importante contribuição do autor é a ideia de que a consciência é sempre intencional, é sempre consciência de algo. Esse pensamento contraria a tradição, que entendia a consciência como possuidora de uma existência independente.

Na fenomenologia de Husserl, os fenômenos são a manifestação da própria consciência, por isso todo o conhecimento é também conhecimento de si. Sujeito e objeto acabam por se tornar uma e a mesma coisa.

O que é um Fenômeno?

O senso comum compreende um fenômeno como algo extraordinário ou fora do habitual. Já, a concepção do termo no vocabulário da filosofia representa, pura e simplesmente, como uma coisa aparece ou se manifesta.

Fenômeno tem origem na palavra grega phainomenon, que significa "aquilo que aparece", "observável". Portanto, fenômeno é tudo aquilo que possui uma aparição, que pode ser observável de algum modo.

Tradicionalmente, aparência é entendida como a forma como nossos sentidos apreendem um objeto, opondo-se à essência, que representa como as coisas realmente seriam. Em outras palavras, como as coisas seriam para elas mesmas, a "coisa-em-si".

Essa relação entre parecer e ser é crucial para a compreensão dos fenômenos e da fenomenologia. Husserl buscou alcançar as essências a partir da intuição gerada pelos fenômenos.

A Teoria Fenomenológica de Husserl

O grande objetivo de Husserl com sua Fenomenologia era a reformulação da filosofia. Para ele, era preciso refundar a filosofia e estabelecer a fenomenologia como método, sem que isso constituísse a ciência proposta pelo positivismo.

A filosofia deveria voltar-se para a investigação sobre as possibilidades e limites do conhecimento científico, afastando-se das ciências, sobretudo, da psicologia, que analisa os fatos observáveis, mas não estuda as condições que levam a essa observação. O estudo dos fundamentos das ciências caberia à filosofia.

Os fenômenos são entendidos pela representação que a consciência faz do mundo. O entendimento deve ser entendido sempre como "consciência de algo". Com isso, o autor nega a ideia tradicional da consciência como uma qualidade humana, vazia, que pode ser preenchida com algo.

Toda a consciência é consciência de algo.

Essa sutil, mas relevante diferença, traz consigo um novo modo de concepção do conhecimento e de representação do mundo.

As coisas do mundo não existem por si, da mesma forma que a consciência não possui uma independência dos fenômenos. Há uma forte crítica à separação entre sujeito e objeto, tradicional das ciências.

Para Husserl, o conhecimento é construído a partir de inúmeras e pequenas perspectivas da consciência, que quando organizadas e retiradas as suas particularidades, produzem a intuição sobre a essência de um fato, ideia ou pessoa. São os chamados fenômenos da consciência.

Husserl compreende que essa reformulação poderia fazer com que a filosofia superasse sua crise e fosse entendida, definitivamente, como uma concepção metódica do mundo. Ele afirma a existência de "elementos transcendentais do conhecimento", os quais são acúmulos que vão condicionar a experiência dos indivíduos no mundo.

Para ele, a experiência, pura e simplesmente, não se configura em ciência, e que o conhecimento possui uma intencionalidade. Não se produz conhecimento, senão por uma necessidade e um ato intencional da consciência.

O que Husserl queria dizer é que os fenômenos são manifestações que só possuem sentido quando interpretados pela consciência.

Sendo assim, a consciência de algo varia de acordo com o contexto no qual ela está inserida. Cabe ao filósofo interpretar os fenômenos, única e exclusivamente, tal qual eles aparecem.

Aparência e Essência nos Fenômenos

Platão (427-348), em sua "teoria das ideias", afirmava que a aparência das coisas é falsa e o verdadeiro conhecimento devia ser buscado pelo uso exclusivo da razão. Para ele, os fenômenos são falhos, pois nossos sentidos são fontes de enganos.

Esse pensamento influenciou todo o pensamento ocidental e sua separação e hierarquização entre a alma (razão) e o corpo (sentidos).

Aristóteles (384-322), discípulo crítico de Platão, manteve esse pensamento de superioridade entre a razão e os sentidos, mas deu uma abertura para a relevância dos sentidos na construção do conhecimento. Para ele, ainda que os sentidos sejam falhos, são o primeiro contato dos indivíduos com o mundo e isso não deve ser desprezado.

Na filosofia moderna, as questões relacionadas à aquisição do conhecimento, de maneira simplificada, eram disputadas entre o racionalismo e seu oposto, o empirismo.

Descartes (1596-1650), como representante do racionalismo, afirmou que somente a razão pode dar fundamentos válidos para o conhecimento.

E, o empirismo radical, proposto por Hume (1711-1776), atesta que em meio a total incerteza, deve-se basear o conhecimento na experiência gerada pelos sentidos.

Kant (1724-1804) buscou unir essas duas doutrinas, ao reforçar a importância do entendimento, levando em conta os limites da razão. Para ele, jamais pode-se compreender a "coisa-em-si", a compreensão dos fenômenos se dá a partir do entendimento e os esquemas mentais interpretam as coisas no mundo.

Hegel e a Fenomenologia do Espírito

A Fenomenologia do Espírito de Hegel (1770-1831) propõe que a manifestação do espírito humano é a história. Esta compreensão eleva a fenomenologia a um método das ciências.

Para ele, a história se desenvolve de maneira a evidenciar o espírito humano. Há uma identificação entre o ser e o pensar. Essa relação é o fundamento de uma compreensão do espírito humano como construído social e historicamente.

Como ser e pensar é uma e a mesma coisa, o estudo das manifestações dos seres é também o estudo sobre a própria essência do espírito humano.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

A FORMAÇÃO DE UMA SOCIEDADE DO MEDO ATRAVÉS DA INFLUÊNCIA DA MÍDIA

 

Por Raquel do Rosário e Diego Augusto Bayer

A Mídia tem um papel importante no campo político, social e econômico de toda sociedade. Através desse mecanismo essa instituição incute na população uma consciência, uma cultura, uma forma de agir e de pensar.

O crime desperta curiosidade na população por apresentar uma ameaça. A mídia atua explorando essa fragilidade humana estimulando a sensação de insegurança. A televisão tornou-se um fenômeno em massa, assim como, a alta taxa de criminalidade e, com isto, também cresce a sensação de medo e insegurança em toda população.

Por nos encontrarmos em uma crise de credibilidade política, os telejornais procuram outras categorias informativas para traduzir o interesse da sociedade — geralmente notícias violentas. Assim, a curiosidade pela narração do crime e suas possíveis consequências acabam por ser uma das causas de uma nova cultura de violência, em que essa aparece como um fato normal, corriqueiro, que faz parte do cotidiano.

Não há com um grau de certeza a confirmação de que os meios de comunicação influenciem na opinião pública, o fato é que existe uma influência mútua entre o discurso sobre o crime — atos violentos — e o imaginário que a sociedade tem dele e entre as notícias e o medo do delito. Com isso, pode-se sustentar que existe uma relação sólida entre as ondas de informação e a sensação de insegurança.

A televisão se tornou um eletrodoméstico indispensável em qualquer lar e, hoje, informar é fazer assistir. Quando a transmissão é ao vivo, as imagens passam uma veracidade ainda maior aos telespectadores que deixam de lado as possíveis consequências do fato noticiado.

Em uma sociedade como o Brasil, com altos índices de criminalidade, acabam por encontrar um mecanismo de escape na tela da televisão. Conforme relatam Cristiano Luis Moraes e Marlene Inês Spaniol, os medos passam a ser dramatizados em histórias de vingança e de criminosos que são levados aos tribunais e posteriormente à prisão. Isso leva a sociedade a reagir contra o crime como se ele fosse um drama humano, levando-nos a crer que os delinquentes são em maior número e praticam mais delitos do que realmente o são.

A origem do Medo

Desde muito pequeninos aprendemos a temer o medo e a confiar em celestiais criaturas e muitos passam a serem nossos monstros, concepções imaginárias que nos assombram em um quarto escuro, em um sonho, em uma visita ao médico ou dentista, em situações que estamos longe de nossos genitores e nos sentimos ameaçados. No início de nossa existência tudo é seguro, puro e invisível aos olhos. À medida que nos tornamos maiores – criança, adolescentes, jovens, adultos e idosos – o medo passa a ser um de nossos principais inimigos e será ele que, em muitos momentos, nos impedirá de seguir nossos sonhos, de arriscar uma tentativa ou de fazer uma mudança radical. O medo passa a ser parte de nossa vida e em tudo que fazemos sempre estará presente de alguma forma e por algum motivo. Assim, aprendemos a temer o medo.

Segundo Bauman (2008, p. 8), medo é o nome que damos a nossa incerteza: nossa ignorância da ameaça e do que deve ser feito. Vivemos numa era onde o medo é sentimento conhecido de toda criatura viva.

Boldt (2013, p.96) assinala

Tema central do século XXI, o medo se tornou base de aceitação popular de medidas repressivas penais inconstitucionais, uma vez que a sensação do medo possibilita a justificação de práticas contrárias aos direitos e liberdades individuais, desde que mitiguem as causas do próprio medo.

O medo pode surgir das mais variadas maneiras e nascer de qualquer canto de onde vivemos, inclusive, em nossos próprios lares. Temos medo de comida envenenada, de perder o emprego, de utilizar transporte público, de pessoas desconhecidas que encontramos na rua, de pessoas conhecidas também, de inundações, de terremotos, de furacões, de deslizamento de terras, da seca. Temos medo de atrocidades terroristas, de crimes violentos, de agressões sexuais, de água ou ar poluído, de entrar na própria casa e de sair dela, de parar no semáforo. Temos medo da velhice e de ficarmos doentes, de sermos ameaçados, furtados ou roubados. Temos medo da bolsa de valores e da crise econômica. Temos medo de voar de avião. São tantos os nossos medos que não caberia aqui relatarmos todos.

Para Bauman (2008, p.18), riscos são perigos calculáveis. Uma vez definidos dessa maneira, são o que há de mais próximo da certeza. Ou seja, o futuro é nebuloso e as pessoas não deveriam se preocupar em vencer ou não qualquer situação de risco porque, talvez, nunca se chegue a enfrentá-la. Mas, deve prever e tentar evitar oferecendo a si mesmo um grau de confiança e segurança, ainda que sem garantia de sucesso.

A mídia pode ser considerada aqui uma causadora da proliferação do medo na sociedade, pois o medo deixou de relacionar-se a estórias de contos e mitos, da imaginação durante reuniões de família, para ser um aglomerado de imagens e informações que a televisão transmite todos os dias dentro de cada lar e para todas as famílias. A sociedade deixou de imaginar os contos para viver na realidade concreta as situações que são transmitidas através dos telejornais e programas de entretenimento.

O mundo líquido mostrado por Bauman é uma espécie de irrealidade dentro da qual estamos mergulhados, um mundo de aparência absoluta, de ameaças que quase nunca se configuram reais, mas que nos são mostradas cotidianamente, principalmente pela mídia. Diante disso, ele expõe o medo como uma forma inconstante. Podemos ter medo de perder o emprego, medo do terrorismo, da exclusão. O homem vive numa ansiedade constante, num cemitério de esperanças frustradas, numa era de temores.

E, assim, passamos a construir inimigos e fantasmas, nos deixando levar por todo tipo de informação que nos é imposta sem nem ao menos questionar a real veracidade dos fatos. É inegável que vivemos em uma sociedade violenta, com altos índices de barbáries, mas o problema não está na prevenção de possíveis ameaças, mas em considerar que tudo e todos possam ser ameaçadores. Ou seja, viver em alerta constante, excluindo pessoas e julgando indivíduos sem nem ao menos conhecer por medo do perigo que esse indivíduo possa lhe trazer.

O sentimento de insegurança não deriva tanto da carência de proteção, mas, sobretudo, da falta de clareza dos fatos. Nessa situação difunde-se uma ignorância de que a ameaça paira sobre as pessoas comuns e do que deve ser feito diante da incerteza ou do medo. A consequência mais importante é uma crise de confiança na vida, uma vez que, o mal pode estar em qualquer lugar e que todos podem estar, de alguma forma, a seu serviço, gerando uma desconfiança de uns com os outros.

A influência da mídia e sua relação com o medo

A mídia tem por objetivo atender as expectativas imediatas dos indivíduos. Ela pode ser definida como o conjunto de meios ou ferramentas utilizados para a transmissão de informações ao público assumindo um papel muito importante na formação de uma sociedade menos conflituosa. Porém, em uma realidade complexa como a nossa, a mídia desempenha um papel garantidor da manutenção do sistema capitalista, fomentando o consumo, ditando regras e modas e agindo sobre interesses comerciais.

A mídia notoriamente tem papel importante na conjuntura social atual, pois exerce influência em todos os campos, seja na família, na política e na economia, incutindo na população uma forma de agir e pensar importante para a manutenção da ordem.

A mídia, quando tomou corpo de mercadoria, era disponibilizada somente para as famílias mais abastadas. Aos poucos esse público foi sendo ampliado e o acesso a esse tipo de informação chegou também à população menos favorecida ocasionando o que temos hoje, um público em massa dos meios de informação através, principalmente, da televisão.

Schecaira (apud BAYER, 2013) entende que a mídia é uma fábrica ideológica condicionadora, pois não hesitam em alterar a realidade dos fatos criando um processo permanente de indução criminalizante. Assim, os meios de comunicação desvirtuam o senso comum através da dominação e manipulação popular, através de informações que, nem sempre, são totalmente verdadeiras.

Com isso, propagando o medo do criminoso (identificado como pobre), os meios de comunicação aprofundam as desigualdades e exclusão dessa parcela da sociedade, aumentando as intolerâncias e os preconceitos. Utiliza-se do medo como estratégia de controle, criminalização e brutalização dos pobres, de forma que seja legitimo as demandas de pedidos por segurança, tudo em virtude do espetáculo penal criado pela imprensa.

Criam-se normas penais para a solução do problema, porém, o Direito Penal passa a ser apenas um confronto aos medos sociais, ao invés de atuar como instrumento garantidor dos bens juridicamente protegidos.

Hoje, vivemos em constante situação de emergência e deixamos de perguntar pelo simples fato de estar provada a barbaridade dos outros. A partir daí, muros são construídos para separar a sociedade. Há muros que separam nações entre pobres e ricos, mas não há muros que separam os que têm medo dos que não têm (COUTO, 2011).

A manipulação das notícias através dos meios de comunicação aumentam os medos e induzem ao pânico, reforçando uma falsidade à política criminal e promovendo a criminalização e repressão, ofertando ao sistema penal uma legitimação para uma intervenção cada vez mais repressiva, criando um verdadeiro Estado Penal.

A mídia exerce influência sobre a representação do crime e também do delinquente em razão do constante destaque que se dá aos crimes violentos. Assim, a mídia vai colaborando o processo de construção de “imagem do inimigo” – no Brasil quase sempre como dos setores de baixa renda – mas também auxilia na tarefa de eliminá-los, desconsiderando da ética e justificando a opressão punitiva.

Através de uma seleção de conteúdos a mídia tem o poder da construção da realidade, que é um poder simbólico. Esse poder simbólico procura reproduzir uma ordem homogeneizada do tempo e do pensamento, com um único objetivo, a dominação de uns sobre os outros. Com isto, criam sujeitos incapazes de contestar o que se lhes é apresentado de forma a garantir a ordem, a torná-los submissos e dominados.

A mídia incute na sociedade uma política de higienização e rotulação dos desiguais que devem ser banidos da convivência social. Diante da propagação dessa política, cada vez mais os cidadãos são colocados diante de questões criminais que parecem nunca se resolver provocando uma sensação de intranquilidade e medo. Esse último, por sua vez, é agravado pela sensação de vulnerabilidade e de impossibilidade de defesa.

A realidade entre medo e verdade

A frequente exposição da crescente criminalidade através da mídia cria um sentimento de insegurança irreal, sem qualquer fundamento racional.

Na realidade, o principal objetivo da mídia é chamar a atenção do público e obter lucro. Assim, a mídia passa a utilizar expedientes sensacionalistas com fatos negativos como crimes e catástrofes, disseminando um sentimento de insegurança no seio social, ocasionando o surgimento da cultura do medo e formando uma “Sociedade do Medo”. Ou seja, nem tudo que vimos nos telejornais são de extrema veracidade, grande parte desta informação tem uma intenção do porque ser transmitida e, essa intenção, estará sempre relacionada a um fim lucrativo e dominador social.

De acordo com Silveira (2013), para dar sustentação ao ciclo que por diversas formas fomenta o consumo e acarreta o lucro, a mídia, seguindo os ditames da indústria cultural, interage com o público receptador das informações de uma forma muito particular, visto que consegue se adaptar perfeitamente às mais diversas classes, idades e tipos de pessoas, buscando uma relação com o público médio.

Há mais medo do que medo propriamente dito. A televisão tenta retratar os fatos de forma a tornar a informação o mais real possível aproximando os acontecimentos do cotidiano das pessoas e fazendo-as crer que aquela situação de risco poderá acontecer a qualquer momento dentro de suas próprias casas, nos seus grupos sociais. Assim, os telejornais propagam informações sensacionalistas através da exploração da dor alheia, do constrangimento de vítimas desoladas e da violação da privacidade de algumas pessoas. Para chamar a atenção do público, ainda lançam mão de outros recursos semelhantes, como a incitação de brigas entre vizinhos nos bairros populares e os crimes de violências sexuais cometidos por membros de uma mesma família.

Desta forma, mesmo que estejamos mais seguros do que em toda história da humanidade, mesmo assim, as pessoas continuam a se sentir ameaçadas, inseguras e apaixonadas por tudo aquilo que se refira à segurança e à proteção. Isso se dá através do que Silveira (2013) chama de “cultura do medo”, ou seja, o que tem levado as pessoas a intensificarem suas próprias medidas visando uma suposta diminuição de vulnerabilidade, como a construção de muros e barreiras, assim como a se isolarem dentro de suas próprias casas, evitando sair a eventos e espaços públicos por medo da violência, o que configura uma mudança radical de comportamento, algo que beira a paranoia.

Esta forma de isolamento dos conflitos ocasiona uma espécie de divisão social, onde as pessoas economicamente privilegiadas passam a ocupar bairros considerados “nobres” e condomínios vigiados continuamente, restando para a camada mais pobre da população, territórios completamente negligenciados pelo Estado, locais em que a “elite” busca o distanciamento, diz Silveira (2013). E complementa ainda Silveira (2013, p. 300) que “O homem enfrenta grandes dificuldades em conseguir ver o outro como um semelhante e não como um concorrente a ser eliminado”.

Toda essa realidade que se forma na “cultura do medo” acaba por contribuir para o reforço dos preconceitos na esteira da ignorância e da insegurança. Com isso, cria-se a “Sociedade do Medo” aqui abordada que, além de cruel e preconceituosa, passa a ser ignorante e submissa a tudo que lhe é apresentado como verdade absoluta.

César Vinícius Kogut e Wânia Rezende Silva expõe que o medo é fenômeno de paralisação do senso normal da vida, altera relações de formas e espaços, traz à tona uma imagem duvidosa, reflete insegurança, tristeza e dá noção de fragilidade. Por isso, uma das missões fundamentais do Estado deveria ser realizar ações para minimizar problemas e reduzir o medo proporcionando à população uma melhor qualidade de vida, libertando os indivíduos desse sentimento para que vivam em segurança.

Saber que este mundo é assustador não significa viver com medo. Nossa vida está longe de ser livre do medo, assim como, livre de ser livre de perigos e ameaças, porém, não podemos permitir que o que vimos na TV influencie nossa vida a ponto de pararmos de viver, a ponto de guardarmos sonhos que gostaríamos de realizar ou de nos impedir de promover uma mudança. Não devemos nos preocupar com o que ainda não aconteceu, mas procurar sim evitar situações que possam nos colocar em risco e, até mesmo, nos proteger do perigo. Tudo, porém, sem permitir que o medo e a insegurança tome conta de nosso ser e do que somos.

Julga-se importante estabelecer os limites éticos da atuação da mídia, de forma que, respeitem a ordem legal, discipline as atividades e defina suas responsabilidades em relação às pessoas atingidas pela informação que se divulga, sem, é claro, que se perca o direito de informar e de ser informado. É preciso que a mídia banalize menos e instrua mais, sem decidir por si o que as pessoas devem pensar e a forma como elas devem agir em relação ao que foi noticiado.

Por vivermos em uma sociedade complexa, onde o Estado já não mais é capaz de cumprir com seu papel de proporcionar segurança à população, facilita ainda mais a instalação do medo inconsciente das pessoas.

Assim, resta à sociedade acreditar naquilo que é transmitido pela mídia e esperar por um futuro melhor, com menos violência e crimes hediondos. Até lá, a vida segue com uma completa divisão social, na medida em que a elite escolhe seus inimigos nas camadas mais pobres da população e continuam condenando aqueles que menos recursos têm: os já predestinados ao fracasso no sistema.

Como expõe Loïc Wacquant: “tranque-os e jogue fora a chave’ torna-se o leitmotiv dos políticos de última moda, dos criminólogos da corte e das mídias prontas a explorar o medo do crime violento (e a maldição do criminoso) a fim de alargar seus mercados”. Afinal, é esta política que ultimamente tem ganho voto e feito os políticos se elegerem.

Agora, quando os seus direitos e suas garantias fundamentais forem tiradas, só lhe restará sentar no meio fio e chorar, afinal, você pode ter legitimado tudo isso.

OS GRUPOS SOCIAIS

1. Os grupos sociais Grupo social: á a reunião de duas ou mais pessoas, interagindo umas com as outras, e por isso capazes de ação conjunt...