Material de Sociologia sugerido para 1º Ano do Ensino Médio
AUGUSTE COMTE
Auguste Comte (1798-1857) está indissociavelmente
ligado ao positivismo, corrente filosófica que ele fundou com o objetivo de reorganizar
o conhecimento humano e que teve grande influência no Brasil. Comte também é considerado
o grande sistematizador da sociologia.
O contexto histórico
em que esse pensador viveu é marcado por "anarquias" e "desordem",
os regimes despóticos e as consequentes revoluções eram frequentes.
Esses acontecimentos
levaram a população a uma insatisfação com a política generalizada, chegando a beirar
a descrença. Situação que culminou com uma crise dos valores tradicionais.
•Pensador inteiramente conservador, ou seja,
um defensor sem ambiguidades da nova sociedade. Sua Motivação repousa no estado
de “anarquia” e “desordem” de sua época, a França do século XIX, período marcado
por um profundo caos social. E ao se deparar com essa realidade se propõe a pensar
a sociedade de forma científica com o objetivo
de restabelecer a coesão e equilíbrio social, mas para isso é necessário
ordem.
Segundo Viana (2006), ele é
“uma doutrina que postula entre outras coisas, a necessidade de utilizar o
modelo das ciências naturais
e aplicá-los ao estudo da sociedade”
.
Derivado
do ‘cientificismo’, isto é, da crença no poder dominante e absoluto da razão
humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis que seriam a
base da regulamentação da vida do homem, da natureza e do próprio universo. Com
este conhecimento pretendia-se substituir as explanações teológicas,
filosóficas e de senso comum por meio das quais – até então – o homem explicara
a realidade e sua participação nela.
• A sociologia de Comte apresenta dois
elementos fundamentais:
• A
doutrina dos três estados
refere-se a “descoberta” da lei do desenvolvimento da mente humana, ou seja, o
processo evolutivo do ser humano caracterizado por três estados/estágios.
• ESTADO
METAFÍSICO: Esse
estado, Comte conceituou como sendo aquele em que a ignorância social e a total
descrença em um Deus criaria explicações misteriosas para os fatos.
Ex: A
tempestade, por exemplo, será explicada pela "virtude dinâmica" do ar
ESTADO POSITIVO: Esse último seria o estado
cientificista, que buscava explicações científicas para os fatos que ocorriam.
Seria definido como a busca pela explicação de tudo que ocorre na natureza, o
uso da razão, a desmistificação de todos os fenômenos. A natureza passaria a
ser estudada e explicada com um enfoque científico, e não mais com enfoque
religioso ou místico.
•
Poderíamos comparar os estados com
períodos da história da humanidade:
O
primeiro, teológico, poderíamos ligar ao período pré-renascimento, antes da
reforma religiosa, onde todos os fatos eram atribuídos a Deus e a Igreja
detinha o controle social.
•
O
segundo, metafísico, poderia ser comparado ao período das Grandes Navegações,
quando os mares, natureza e floresta eram tratados com misticismo e receio por
parte dos europeus.
•
Ao
fim, o estado Positivo seria o que estamos vivendo desde o Iluminismo até os
dias atuais, onde se crê na ciência como forma de explicação da totalidade dos
fenômenos, sejam naturais, sociais, etc.
•
•
Classificação das ciências; baseada na hipótese que as ciências
tinham se desenvolvido a partir da compreensão de princípios simples e
abstratos, para daí chegarem à compreensão de fenômenos complexos e
concretos.
•
A
ciência se desenvolveria a partir da matemática, da astronomia, da física, e da
química para atingir o campo mais complexo da biologia e finalmente da
sociologia.
•
De
acordo com Comte, esta última disciplina, a Sociologia, não somente fechava a série,
mas também reduziria os fatos sociais a leis científicas, e sintetizaria todo o
conhecimento humano, como ápice de toda a ciência.
• Em ordem crescente:
-> Matemática -> astronomia -> física
-> química -> biologia -> sociologia.
•
Para
Comte, as sociedades possuíam aspectos que ele denominou Estático e Dinâmico.
Estes estão relacionados à ordem e ao progresso.
•
O
aspecto Estático está relacionado ao que
Comte entendia por fatores que deveriam permanecer nas sociedades como
mecanismos integralizadores, ou seja, instituições moralizadoras e
estruturantes da sociedade. Dessa forma o aspecto Estático está diretamente relacionado à ordem.
• Por
sua vez, o aspecto Dinâmico é natural e
necessário a toda e qualquer cultura, este se relaciona ao progresso. Progresso
desde o ponto de vista da intelectualidade, as leis dos três estados, ao
progresso produtivo propriamente dito. Portanto, para Comte a sociedade Europeia
Capitalista com produção industrial (civilizada) e a ciência se estabelecendo
como dominadora de toda a verdade é o modelo máximo para toda e qualquer
cultura, reproduzindo o eurocentrismo.
•
Estático: estuda a harmonia prevalecente entre
as diversas condições de existência, o qual estabelece a Ordem.
•
Dinâmico: investiga o desenvolvimento ordenado
da sociedade e estabelece as leis do Progresso.
Manter
a Ordem significa acalmar as
revoltas sociais, legítimas ou não, em nome do Progresso, e nesse caso, o progresso do capitalismo. Dessa maneira,
qualquer reinvindicação que tenha, pelo menos, aparência de revolta deve ser
contida pela força militar, já que a religião e outras instituições sociais não
têm cumprido bem seu papel, com isso chegamos a outra conclusão do pensamento
positivista de Comte.
·
Ordem e progresso é o
lema da bandeira brasileira, isso porque o positivismo ganhou expressividade a
partir de 1870 influenciando na política nacional.
·
No
Brasil a influência do positivismo de Comte traduziu-se não só no
ideário de nossos republicanos, mas nas ações políticas que acompanharam a
Proclamação da República. Entre elas, a separação entre igreja e Estado, o
estabelecimento do casamento civil, o fim do anonimato na imprensa e a reforma
educacional proposta por Benjamin Constant, um dos mais influentes positivistas
brasileiros.
Os
positivistas participaram do movimento pela Proclamação da República, em 1889, e
na Constituição de 1891, e por sua influência a Bandeira brasileira passou a ostentar
o lema clássico do positivismo.
ÉMILE
DURKHEIM
•
Vivendo
no período que vai da segunda metade do século XIX até o final da Primeira
Guerra Mundial, foi contemporâneo dos acontecimentos significativos do período.
•
Faz
uma leitura conservadora da crise social do seu tempo, acreditando ser
provocada pelo desregramento, que seria resolvida com a formação de
instituições públicas capazes de se impor aos membros da sociedade e eliminar
os conflitos.
Funcionalismo
– representa uma teoria
reprodutora e conservadora da sociedade capitalista. O principal representante
do funcionalismo é Emile Durkheim (1858-1917), este pensador estabelece uma
analogia entre a sociedade e o organismo biológico
humano.
Assim a sociedade funciona graças a seu sistema orgânico, onde cada instituição
ou pessoa faz parte de relações funcionais, fazendo uma organização social de
dependência e complementaridade das atividades sociais, assim a sociedade é um
todo organizado e harmônico.
• Para
Durkheim a sociedade é semelhante a um organismo vivo, e, para que ele funcione
perfeitamente é necessário que cada uma de suas partes (órgãos) cumpra bem a
função que lhe cabe exercer. A exemplo do que ocorre com os seres vivos, a
sociedade, para bem funcionar, precisa que cada um de seus membros (os
indivíduos) cumpra a contento sua função na sociedade. Isso demonstra, na
teoria sociológica de Émile Durkheim, que as partes cumprem sua função em vista
do todo, ou seja, os indivíduos trabalham (realizam sua função) em vista do bem
social.
A
sociedade, como um organismo vivo, possui dois estados de existência: o estado
normal e o estado patológico ou doentio. O estado normal refere-se aos
acontecimentos (fatos sociais)regulares de uma sociedade, isto é, tudo aquilo
que está dentro do esperado, do planejado, do aceitável. O estado patológico
designa fatos, comportamentos considerados doentios, prejudiciais à harmonia e
ao consenso, estando, portanto, fora dos limites permitidos pela ordem social e
pela moral vigente. O sociólogo define a sociedade atual como patológica, por
não exercer mais sua função social de frear moralmente os indivíduos.
•
Fato
social consiste em “maneira coletivas de penar sentir e agir, exteriores ao
indivíduo e dotadas de um poder de coerção em virtude do qual se lhe impõem.”
•
Seguindo
essas ideias, Durkheim afirmara que os fatos sociais, ou seja, o objeto de
estudo da sociologia, é justamente essas regras e normas coletivas que orientam
a vida dos indivíduos em sociedade. Tais fatos sociais são diferentes dos fatos
estudados por outras ciências por terem origem na sociedade, e não na natureza
(como nas ciências naturais) ou no indivíduo (na psicologia).
• Para
Émile Durkheim a sociedade é um conjunto de normas e regras de ação
(conduta),pensamento e sentimento que orientam a vida em sociedade. Essas
regras existem na consciência de cada indivíduo e também existem socialmente,
pois são aceitas por todos os membros da sociedade. Portanto, para ele, a
sociedade está acima dos interesses particulares dos indivíduos, embora seja
uma construção das consciências individuais combinadas e sintetizadas. A
sociedade exerce uma coerção (obrigação) sobre o indivíduo amoldando-o aos
modos de agir, pensar e sentir de seu grupo social. Essa adequação do indivíduo
às normas e regras é feita.
• através
da “instituição educacional”, onde toda a sociedade é responsável por fazer com
que seus membros aprendam as regras necessárias à organização da vida social. O
melhor exemplo são as leis, que existem para, de modo coercitivo (proibindo e
punindo),organizarem a vida em conjunto; mas não são criadas ou modificadas
pelo indivíduo isolado, e, sim pelas gerações de homens que, coletivamente, as
elaboram e/ou reformulam.
Esses
fatos sociais têm três características básicas que permitirão sua identificação
na realidade, elas são:
•
1ª. Generalidade – o fato social é comum aos membros de
um grupo;
•
2ª. Exterioridade – o fato social é externo ao indivíduo,
existe independentemente de sua vontade. Isto é, consistem em ideias, normas ou
regras de conduta que não são criadas isoladamente pelos indivíduos, mas foram
criadas pela coletividade e já existem fora de nós quando nascemos.
•
3ª. Coercitividade – os indivíduos veem-se obrigados a
seguir o comportamento estabelecido porque essas ideias, normas e regras devem
ser seguidas pelos membros da sociedade; se isso não acontece, se alguém
desobedece a elas, é punido, de alguma maneira pelo resto do grupo.
É justamente a educação um dos exemplos preferidos
por Durkheim para mostrar o que é um fato social. O indivíduo, segundo ele, não
nasce sabendo previamente as normas de conduta necessárias para a vida em
sociedade. Por isso, toda sociedade tem de educar seus membros, fazendo com que
aprendam as regras necessárias à organização da vida social. As gerações
adultas transmitem às crianças e aos adolescentes aquilo que aprenderam ao
longo de sua vida em sociedade. Com isso, o grupo social é perpetuado, apesar
da morte dos indivíduos.
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